sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ESPIRITUALIDADE NATALINA


A espiritualidade do Natal é bastante conhecida, há uns dois mil anos. Foi no século IV que a data de 25 de dezembro foi estabelecida como data oficial de comemoração do nascimento de Jesus. Vejamos os principais traços da espiritualidade natalina.

É um conceito que pode ser ampliado para além do mais religioso, mais eclesial, até mais eclesiástico. Eu creio que a espiritualidade natalina seja uma realidade dada a todos os seres humanos, de todos os tempos.

Encarada dentro da perspectiva antropológica, é a prerrogativa de pessoas autênticas. O melhor da nossa cara. É o nosso lado mais autêntico, ela toca esse lado mais verdadeiro, mais fiel a nós mesmos, em face do ideal e da história. É o alicerce que construímos para erguer a casa que somos nós. A nossa existência.

No mês de dezembro somos induzidos à reflexão porque se renovam os ciclos, afinal, o ano letivo encerrou-se, o ano civil está se concluindo e o ano litúrgico já recomeçou. Durante o caminho muito fazemos, somos muito dispersados... Somos pedaços. A espiritualidade natalina também é unificante, é a que consegue ligar esses cacos.

E é nesse momento de reflexão que ficamos mais sensíveis e permitimos a nobre ação do Espírito do Menino Jesus, ela – a espiritualidade - toma os nossos cacos, vai encaixando-os e, no fim, aparece a nossa verdadeira e melhor face, que é o oposto dos nossos pedacinhos. Dá sentido a toda a nossa vida, desejamos ser melhores e mais felizes e até fazer outros mais felizes, alimenta as nossas práticas... A partir de uma existência religiosa. E, assim, sentimos Deus em nosso interior.

Essa sensibilidade parece não durar muito, basta passar a euforia que nos fechamos e não nos permitimos mais à sensação do divino. Vejam que é nos extremos que O sentimos: no impiedoso terremoto no Haiti, no desabamento do morro carioca, no dramático caso dos mineiros chilenos. Isso considerando somente a relação homem/natureza, porque não creio ser possível enumerar os extremos da relação homem/homem, e é nessa relação que deveríamos permitir a ação do Menino Jesus durante todo o ano. Mas, o mais genérico é o compromisso ético: “que nesse Natal, nenhum brasileiro/ paroquiano passe fome”. Isso é ético, é espiritualidade também.

A espiritualidade natalina é intuitiva e atinge as decisões últimas, isto é, além das quais não existem outras. No fundo, esbarra no grande Mistério. É a nossa maneira de viver sob a Ação do Espírito do Menino Jesus.

A essa sensível maneira de viver poderemos denominar de Espiritualidade Natalina e desejar que todos os dias 25 sejam o de dezembro.

Feliz Natal!

Pe. Sérgio Damasceno

Sacerdote da Pequena Missão para Surdos.


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